Entrevista: Carolina Estrella



Pop, fitness e moda são a praia de Carolina Estrella, que já tem nome de diva. Aos 26 anos, Carol busca firmar seu nome na literatura infanto-juvenil, gênero de seus três livros publicados. Nasceu em Niterói, mas não tem medo de atravessar a ponte rumo ao Rio de Janeiro e aos seus sonhos. Além de escritora, é jornalista por formação e blogueira por paixão: no Romances & Leituras, faz resenhas e dá dicas de novos livros; no Palavra de Diva, em colaboração com as amigas Fernanda Belém, Leila Rego e Flavia Mariano, seu lado menininha toma as rédeas. Com seu projeto "Ler é Legal", visita escolas de todo Rio de Janeiro para incentivar a leitura na infância. Também faz parte do grupo "Entre Linhas e Letras".

SIXDOE: Carol, falamos bastante sobre sua carreira no texto acima. Há algo que possa ter passado despercebido e você queira falar?

Carolina: Só queria complementar dizendo que eu sou daquelas bem choronas, que chora até com comercial de manteiga carinhoso, eu sou bem manteiga derretida. Escritor tem muito disso, nós somos mais sensíveis. Também dou muita risada e rio das minhas próprias palhaçadas, eu levo a vida com muita alegria.

SIXDOE: Você é autora de livros infanto-juvenis e escreve e atinge crianças e adolescentes, em sua maioria meninas. Como é sua abordagem a este público que está sendo apresentado à literatura?

Carolina: Eu tento escrever de uma forma que eles se identifiquem e gostem da minha escrita, mas que não tenha um português chulo e cheio de erros. Eu não desvalorizo a língua, não uso muitas gírias e abreviações, porque meu objetivo é incentivar a leitura, incentivar o português e o conhecimento da língua. Eu faço meu trabalho em escolas e não posso deixar de ter meu português correto, mas de uma forma que continue formal e informal. Eu crio minha identificação através das conversas que ouço, das séries e filmes que vejo e de observar os jovens.

"Eu não subestimo meu público e até brinco que meus livros são bem implícitos. Às vezes, as pessoas podem não perceber o recado que estou dando, porque eu tento ajudar os jovens em muitas questões, como a separação de pais, envolvimento com drogas, bebidas, escola, bullying... são questões muito sérias e eu não gosto de escrever tudo resumido. Eu gosto de contar uma história e narrar o dia-a-dia, para mostrar que o jovem às vezes não percebe que está sofrendo, mas está sentindo a dor pela separação dos pais, está indo na onda de um amigo que não vale a pena... Eu não posso subestimar meus leitores e gosto de escrever para todos os públicos."

SIXDOE: A escola tem um papel importante na disseminação do gosto pela leitura, mas a família também precisa incentivá-la na infância. O que você faz para convencer pais e mães disso?

Carolina: Eu busco ir nas escolas e fazer este contato com os jovens. Na maioria das vezes, os adolescentes chegam em casa e conversam com os pais sobre o que estão lendo, que acabam me procurando e também lendo meus livros. Meu trabalho é mais com os professores e alunos, mas alguns pais me adicionam, conversam comigo no Facebook e estão sempre lendo o que eu posto sobre literatura, coisas que eu acredito que sejam legais e incentivem a leitura.

"É muito importante ir às escolas, conversar com os alunos e ter carinho, porque muitos alunos são carentes de atenção. Eu sou uma pessoa carinhosa, gosto de abraçar, de conversar, e quando eu vejo um aluno triste, converso com ele até virar a psicóloga da criança. Este foi o caminho que eu encontrei para mudar alguma coisa no mundo. Desde pequena, eu tinha uma inquietação dentro de mim, queria porque queria mudar alguma coisa. Eu falava com meu pai que iria para as ruas, manifestações... há um tempo atrás, a ideia era 'Vamos parar de beber Coca-Cola e comer McDonalds', e meu pai me mostrou que só meu McChicken não faria diferença no mundo. Depois de uns anos, eu percebi que poderia mudar a educação, mesmo que só um pouquinho, porque meu pouquinho já seria muita coisa. Acredito que eu ainda tenha uns 60 anos para fazer isso."

SIXDOE: Além da série "Garota Apaixonada" e de "GarotaPop.com", você tem outros projetos em andamento. Um deles é o romance "Dois Amores", divulgado em sua página pessoal do Facebook. Poderia nos falar um pouco sobre ele?

Carolina: Essa é uma história inusitada e vocês saberão em primeira mão como ela foi criada. Eu cismei de prestar concurso público, porque meu namorado presta concurso para juiz há um tempo. Minha prima me incentivou a estudar para o TRT no ano retrasado, então eu estudava, levava livros para ler no concurso, dormia... até que um professor de Direito do Trabalho me chamou a atenção, porque ele era muito engraçado e tinha paixão nos olhos ao ensinar, como a paixão que eu tenho pelos livros. Cheguei nas outras provas e errei tudo, mas gabaritei na matéria dele, porque eu fiquei apaixonada pelo trabalho dele. Um mês depois, surgiu a ideia de escrever sobre uma aluna que se apaixona pelo professor, mas eu pensava: "Gente, eu não estou apaixonada por esse homem, por que isso não sai da minha cabeça?" e era a personagem, que começava a nascer. A história é sobre um garoto, chamado César Rodolfo, que tem 18 anos e acabou de começar a cursar direito, e da protagonista, Heloísa, que faz moda e repetiu em português no bimestre, e ele começa a ensiná-la a matéria, mesmo que eles sejam vizinhos e se odeiem. A partir daí, o César mostra à Heloísa que além da gramática ela tem que ler. Com isso, ele indica "Orgulho & Preconceito" (meu livro favorito) à ela, que até tenta fugir da leitura, mas lê a primeira página e passa a madrugada inteira fantasiando com o Darcy. Após se ver apaixonada pelos livros, ela percebe que tem dois amores: a literatura e a costura, mas vê que um terceiro amor está surgindo em sua vida.

SIXDOE: Você é super engraçada, antenada em moda e adora ir à academia. Sabendo disso, queremos saber: você pensa em escrever chick-lits sobre esses e outros assuntos? Vimos seu vídeo contra o pote de demaquilante e caímos na risada. Adoraríamos ler um chick-lit seu!


Carolina: Eu comecei a me descobrir agora no mundo da moda, mas desde pequena eu sempre tive vontade de combinar roupas e não repeti-las, o que deixava minha mãe super irritada. Mas com moda e essas coisas, não. Eu sou muito preguiçosa e tenho preguiça de me maquiar, me arrumar, gostava de ser mais natural. Aí, depois de tanto ir a eventos, eu comecei a reparas as meninas e querer ficar bonita como elas. Eu estou aprendendo a me maquiar com tutoriais de blogueiras no YouTube, mas vocês não imaginam a situação. Eu vejo os vídeos e fico extremamente irritada, porque não consigo fazer nada e elas parecem ter nascido sabendo. Quanto ao chick-lit para adultos eu tenho vontade, mas não tenho coragem. Meu público é infanto-juvenil, tenho medo de falar sobre assuntos mais sérios e acabar forçando a barra, mas pode acontecer mais para frente. 

SIXDOE: Além de escritora, você é formada em jornalismo e tem um blog literário. O quanto estas ocupações ajudam a Carolina escritora?

Carolina: O blog literário ajudou muito. Uma amiga minha me convidou há três anos atrás para participar do blog. Eu lia, mas não lia tanto quanto eu leio hoje em dia, porque receber livros das editoras me força a ler os lançamentos, o que está na moda, me deixa super antenada com os livros juvenis de várias editoras. Eu acredito na união da literatura, então eu sempre indico livros de outras editoras e gosto de conhecê-las. Escrever resenhas me ajuda muito a escrever meus livros, porque eu tenho que escrever uma ou duas resenhas por semana, e com isso eu estou sempre me exercitando.

SIXDOE: Só páginas pares, ouvir música, de manhã ou de noite... você tem algum hábito estranho na hora de escrever? E a inspiração, de onde costuma vir?

Carolina: Hábito estranho? Eu falo sozinha, não só quando estou escrevendo. Eu falo sozinha o dia inteiro, fico rindo sozinha das coisas, meu namorado sempre fala "Carol, você é muito maluca", e eu nunca tinha entendido o porquê, até que eu entendi e vi que fico conversando sozinha em casa. Eu passo o dia falando "Não, é verdade, eu tenho que fazer isso. Nossa, que bonito isso. Nossa, como sua unha está bonita!", mas não são só elogios. O estranho é que eu não falo só comigo, mas com minhas personagens também, então eu vibro, comemoro, bato palmas... coisa de louco. A inspiração vem de mim, das minhas primas, sobrinhas, pessoas da vida, boates que eu vou e ouço conversas. Os filmes e séries me inspiram também.

SIXDOE: Suas visitas à escolas e participações em eventos devem render boas recordações. De todas, você consegue escolher uma que mais te marcou? Por quê?

Carolina: Ah, consigo, várias! Eu sempre comento da primeira escola que eu fui. Foi em Niterói e eles tinham adotado meu livro, eles fizeram uma roda, sentaram no chão e estavam com o livro em mãos. Há quatro anos atrás eu tinha 22 anos, era gordinha, tinha franja, cheguei super nervosa e eles me olharam com cara de "Essa é a escritora? Uma criança!". Se com 26 anos eu tenho cara de 18, aos 22 eu parecia ter 15. Nisso, uma garota chegou do meu lado e começou a chorar muito, e eu perguntei o que estava acontecendo. "Eu te amo muito!", ela disse, e eu a abracei, mas isso me marcou porque alguém me amava por causa do meu livro. Outro momento aconteceu na Bienal do Rio de 2013: a Marina, presidente do meu fã-clube, havia me encontrado no estande da Novo Século e começou a chorar muito do meu lado, eu comecei a chorar com ela, ficamos abraçadas e foi aquele sufoco. Eu não aguento ver leitores chorando.

SIXDOE: O mercado editorial no Brasil tem crescido gradualmente, dando mais chances ao autor nacional. Após 3 livros publicados, o que você aprendeu e pode passar para os autores iniciantes?

Carolina: Depois de três livros, eu aprendi muita coisa. Aprendi que você tem que estar sempre corrigindo seu texto, para ter um trabalho apresentável a um editor, aprendi a prestar mais atenção em resumos, sinopses e a ter paciência com os editores, porque eles são pessoas muito ocupadas. Outra dica que eu dou é: seja humilde e aceite as críticas. Não são legais, eu não gosto de recebê-las, mas as críticas negativas sempre têm algo que você pode usar nos próximos livros. Uma dica minha, que eu faço sempre: corra atrás, mas corra atrás mesmo, porque podem acontecer coisas que você nem imagina. Vá conversando com vendedores, escritores, busque conhecer editores e mantenha contato, dê seu cartão, adicione no Facebook, faça sua rede de contatos. Ir a eventos e feiras literárias é muito importante, conhecer novas pessoas e por último, mas não menos importante, estude. Faça cursos, pós-graduações, continue estudando sempre.

SIXDOE: Para finalizar, gostaríamos de agradecê-la pela entrevista e assumimos que somos Estrelláticos de carteirinha. Você gostaria de deixar um recado para os leitores do blog?

Carolina: Ah, gostaria! Continuem lendo o blog, compartilhando, divulgando, porque isso é muito importante para o blogueiro. Eu sou blogueira também e sei disso. Comentem, façam comentários bonitos, fofos, não só "Segue de volta" porque são um saco. Continuem lendo bastante livros nacionais, livros internacionais, porque viajar na leitura é muito importante. Quem quiser pode me adicionar no Facebook e nas redes sociais.


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