Filmes: Frozen - Chris Buck e Jennifer Lee



Título: Frozen - Uma Aventura Congelante

Título Original: Frozen

Diretor: Chris Buck e Jennifer Lee

Distribuidora: Disney

Classificação: 5 estrelas

Sinopse: [+]

Disney e a tarefa de desconstruir Princesas


Mais que um clássico dos estúdios Disney, Frozen veio para quebrar tradições, a começar por seu núcleo principal, que não é formado por um casal apaixonado e seu mascote.

A história dá ênfase à relação conturbada das irmãs e princesas Elsa e Anna, separadas pela maldição que a mais velha carrega: sem controlar suas ações, Elsa pode transformar tudo ao seu redor em gelo. Por isso, é mantida afastada e faz com que seus pais busquem o isolamento das filhas no castelo. Enquanto uma luta para manter a imagem perfeita, a outra cresce à sombra da solidão que a irmã causou. Elsa chega à maioridade sendo gélida e contida, ao contrário de Anna, que é inocente e aventureira.

Com duas princesas num único filme, foi possível mostrar a evolução das animações com o passar dos anos. Se por um lado Anna é o modelo perfeito de princesa, Elsa vai contra os estereótipos criados pelo estúdio. Assim, imaginamos que uma esteja representando suas antecessoras e outra abra caminho para as sucessoras.

Evolução das "Princesas" durante os anos. Alice, Wendy, Eilonwy, Esmeralda, Meg, Jane, Kida e Giselle não integram a linha de produtos, mas são consideradas princesas por terem nascido na realeza ou por seu merecimento.

Ano após ano, vemos a mudança no pensamento das mulheres retratadas pelo estúdio: De Branca de Neve à Jasmine, as princesas idealizavam a felicidade no ato de estar com um homem e de depender dele (com exceção de Alice e Wendy, que são crianças). A partir de Pocahontas, as mulheres se tornam fortes e aprendem a viver sem o comando masculino. Desde então, a imagem do Príncipe é usada apenas para o romance, chegando à Valente, onde não há um príncipe e em Frozen, que foca na relação das protagonistas.

Um outro nível de personagem surgiu a partir de Frozen: a maturidade de Elsa perante as situações que está envolvida é inacreditável. Buscando se livrar da dor de não ser aceita, a garota cria seu próprio castelo, se desfaz de tudo que lhe fazia mal e dá início à uma nova vida sozinha. Contrariando os filmes da própria Disney, Elsa não permite que sua irmã mais nova fique noiva de alguém que mal conhece. Se desconsiderarmos Merida, que é uma personagem da Pixar, Elsa se torna a primeira princesa que "fica para titia" e não encontra seu verdadeiro amor. Com isso, é transmitida a mensagem de que não é necessário canalizar sua felicidade em outro alguém.

Elsa: Não. | Anna: Mas eu conheço esse aqui há dois dias! | Elsa: Não.

Algo curioso envolve a canção tema do filme, "Let It Go": a música, que dá sequência às cenas de libertação de Elsa, se tornou o hino de muitos jovens gays, que se sentiam oprimidos perante sua sexualidade. Diversos relatos surgiram de adolescentes que se assumiram para suas famílias e amigos graças aos versos ali expressados. Esta é a segunda vez que a Disney atinge o público LGBT com uma música de princesas: em 1998, Mulan alcançou a comunidade transexual com "Reflection", que em seu refrão carrega as frases "Quem é essa garota que eu vejo olhando para mim? / Por que meu reflexo mostra alguém que eu não conheço? / De alguma forma, não consigo esconder / Quem eu sou, mesmo que eu tenha tentado / Quando o meu reflexo vai mostrar quem eu sou por dentro?"

O fato da Disney estar desconstruindo a imagem de suas princesas nos traz esperanças. Olhando para trás, víamos mocinhas indefesas e submissas, que se renderiam aos braços do primeiro príncipe que lhes roubasse um beijo. Porém, desde A Princesa e o Sapo, podemos ver que a ousadia dos roteiristas avança e vai montando a imagem da princesa ideal para os dias de hoje: uma garota que não precisa de ninguém, além de si mesma, que é capaz de alimentar seus próprios sonhos e que não é tão inocente assim.


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